Que fizeste na guerra, paizinho?

Resenha do livro Guerra de Grafias

Quarta, 23 Maio 2012 08:12

Atençom, abrirá numha nova janela. PDFVersom para impressomEnviar por E-mail
Engadir a del.icio.us Compartilhar no Twitter Compartilhar no Chuza Compartilhar no Facebook Compartilhar no DoMelhor

Valentim R. Fagim, presidente da AGAL

Valentim R. Fagim (*) - Com este título, o realizador Blake Edwards construiu umha brilhante comédia em tempo de guerra. Um capitám americano é encarregue de conquistar umha estratégica vila italiana. As tropas locais estám dispostas a render-se na condiçom de poderem realizar um grande festival regado com muito vinho.

O livro que vos quero encorajar a ler, percorre também a senda bélica. Guerra de Grafias, conflito de elites, forma parte da tese de licenciatura de Mário Herrero e é o antecipo da segunda parte sobre a substituiçom do galego e a normalizaçom do espanhol na Galiza contemporânea, cuja ediçom está prevista para finais deste ano.

Quando a tese de Mário Herrero caiu nas minhas mãos, fiquei a pensar: este trabalho tem de ser editado. A oportunidade apresentou-se com a coleçom Através|da Língua, umha das quatro coleções da Através|Editora, carimbo livresco da AGAL.

Na verdade, um ensaio pode vir a encher um espaço vago ou a oferecer novas perspetivas sobre um dado tema. O presente livro está decididamente na primeira categoria. O grosso das pessoas nacionalmente galegas, a priori curiosas pola língua da Galiza, desconhecem todo o processo que levou a que o modelo de língua que emana das nossas instituições, elaborado polo Instituto da Lingua Galega (ILG) ocupasse esse lugar central. Isto tem-se traduzido na legitimidade deste modelo diferencialista e a imagem de outsider do modelo reintegracionista.

Guerra de Grafias descreve os autores e os grupos em volta desta guerra, centrando-se nas décadas de 70,80 e 90 e partindo de umha análise glotopolítica, isto é, as relações entre política (em todos os sentidos) e língua. Neste livro desfilarám os protagonistas desta guerra através das suas ações e também, e isto vai aliciar o(a) leitor(a), através dos seus discursos. Afinal, som as nossas palavras e ações os que nos descrevem e nos colocam num ou noutro lugar do mapa.

Guerra de Grafias mostrará, como no filme de Blake Edwards, que a norma ILG-RAG nom foi concebida para umha guerra a sério... essa é a razom central do seu “êxito”.


(*) Esta resenha foi também publicada no Novas da Galiza

 

+ Ligaçons relacionadas: