'Carvalho Calero e a sua Obra', resenha de Joám Manuel Araújo

Este volume foi desde os seus inícios guia para o estudo de Carvalho Calero

Quarta, 16 Novembro 2011 08:38

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Joám Manuel Araújo - Editado 3 anos após a morte de Ricardo Carvalho Calero, por este livro[1] Martinho Montero Santalha ganhou em 1992 a segunda edição do “Prémio de Investigação Carvalho Calero”, instituído pela Câmara Municipal do Ferrol.

Como adverte no “Limiar” (p.7) teve de ajustar-se ao limite máximo de páginas imposto pelas bases do concurso. Este volume foi desde os seus inícios guia para o estudo de Carvalho Calero. Foi também visto como uma necessidade, pela acertada síntese que realiza a respeito da intensa biografia e produção do vulto estudado.

Montero Santalha diferencia quatro partes: dedica a primeira à vida, em nove etapas, dos anos da infância e primeira adolescência em Ferrol, aos da jubilação em Compostela; a segunda à obra, com epígrafes para a Poesia, Teatro, Narrativa, Ensaio, Crítica literária, e Lingüística e Filologia; a tercera, que intituta “Esboço de caracterizaçom”, ocupa-se do homem e do escritor; e a quarta é uma “Bibliografia anotada”, com duas epígrafes, uma da produção de Carvalho, e outra sobre ele. No final inclui-se um “Apêndice”, de 12 páginas de iconografia, igualmente de relevo.

Rigor e generosidade salientam neste estudo. Montero Santalha cita as fontes e oferece informações com minúcia e pormenor, que se agradecem. Exemplo disto é o “Preámbulo” inicial: nele esclarece as fontes em que se alicerçou, como livros de conversas com Carvalho, fragmentos autobiográficos, depoimentos de pessoas que o conheceram, e contributos de outros repositórios, estudos e pesquisas já publicados; mas também de peças literárias do próprio Carvalho.

Capítulo que merece especial destaque é o dedicado para a “Bibliografia anotada”. A “Bibliografia de Carvalho Calero” ocupa as páginas 211-283: inclui contributos desde 1928, em que publicou o soneto “Deus” na revista ourensana Nós, até ao ano 1992 em que se editou, póstumo, o volume Umha voz na Galiza, uma colectânea de artigos de imprensa. Por colocar como exemplos estes dois verbetes, além de indicar as informações bibliográficas pertinentes, para o soneto dedica 14 linhas de informação. E para o volume póstumo 5 páginas, enumerando os 101 breves trabalhos que inclui e comentando alguns especialmente significativos (Vale a pena citar aqui, também como exemplificação, o que destaca de “Ortografia galega”, texto número 11 desse livro, um artigo publicado por Carvalho Calero originariamente no jornal La Voz de Galicia em 1975, e do qual afirma Montero Santalha (p. 280): “Este artigo sinala o momento em que Carvalho inicia abertamente o labor em prol da unificação ortográfica galego-portuguesa”, citando na continuação parágrafos do artigo de Carvalho julgados especialmente significativos, como estes “[…] históricamente non habería outra ortografia que a inspirada no portugués. […] Inserto o noso idioma no complexo iberorrománico ocidental […] restabelecendo a continuidade que pode ter sido alterada polo intre dialectal em que a língua viviu durante séculos”).

A bibliografia sobre Carvalho Calero está nas páginas 285-304, igualmente com contributos entre 1928 e 1992, também comentados. Assim, o leitor finaliza com uma imagem muito ampla da personalidade e da produção de Ricardo Carvalho Calero.

NOTA A RODAPÉ

[1] Montero Santalha, José Martinho, (1993), Carvalho Calero e a sua obra, Santiago de Compostela, Laiovento, 312+12 páginas.

 

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