Marc Nadal, ganhador de um premio literário em 'lapao' e um outro em 'baléà': «Figem-no por combater o secessionismo lingüístico»

Segunda, 17 Fevereiro 2014 00:00

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David Marín (*) - Marc Nadal Ferret tem 28 anos, é tarraconense e trabalha na Universidade Atónoma de Barcelona (UAB), onde está a fazer a tese de doutoramento sobre física. Poderia-se dizer que tem um grande domínio das línguas, já que ganhou dous prémios literários em dous idiomas supostamente diferentes: em língua aragonesa oriental [lapao] e em llengo baléà [língua balear]. Fijo-o para demonstrar o absurdo que é identificar estas variantes como línguas diferentes do catalám.

— Parabéns polos prémios.

— Obrigado. O mérito, porém, é relativo: acho que tanto a um prémio como o outro se apresentava muito pouca gente, som grupos muito minioritários.

— Como se lhe ocorreu?

— Um é da chamada Acadèmi de sa Llengo Baléà [Academia da Língua Balear]. Eles dizem que o balear é umha língua diferente do catalám, elaboram umha ortografia própria e convocam um concurso literário. Apresentei-me no passado ano e daquela já ganhei. Este ano repetim e também me apresentei ao concurso da Federaçom de Associaçons Culturais do Aragom Oriental. Enviei-lhes dous trabalhos e resultárom premiados.

— E ganhou os dous concursos em duas línguas diferentes.

— A minha intençom nom era boicotá-los, mas ver o que se passava. Achei que participar na minha língua, ainda que escrita mais ou menos da maneira que eles proponhem, seria umha maneira elegante de combatir o secessionismo lingüístico. Escrevim procurando utilizar para o meu catalám a ortografia que proponhem. E resultou que o dérom por bom e ainda por cima declarárom-me ganhador. Fum recolher o prémio, presenteárom-me com umha estatuinha de um artista de Osca, um diploma e um livro do presidente da associaçom, no qual explica em castelhano por que o aragonês oriental é um idioma diferente.

— E ganhou-nos sem mudar de língua?

— Tratava-se de escrever normal, mas com os retoques ortográficos das suas normas, transcrevendo o acento oral e as variantes fonéticas tal e qual, com o artigo salat no caso das Ilhas e com formas verbais do Poente no caso da Faixa: anae no lugar de anava ["ia", do verbo "ir"] e essas cousas. No caso das Ilhas era-me mais doado, oprque tenho amigos maiorquins e a sua maneira de falar tenho-a muito presente. Com a associaçom da Franja de Ponent [Faixa do Poente, zona oriental do Aragom], o que figem foi ler um bocado os textos que tenhem no seu sítio web, vim que seguramente para diferenciar-se mais ainda do catalám padrom nom utilizam nenhum "h", tudo está escrito com "b", etc. Foi assim que escrevim o texto que resultou premiado.

— Algum mérito literário teria.

— O certo é que nom demasiado. A narraçom da Faixa era o conto de um menino que o passa muito mal naescola porque tem um professor muito louco que os fai falar em catalám em lugar de aragonês oriental e lhes di que eles som dos Países Cataláns. Surpreende-me que nom vissem nengumha ironia, que era tudo umha brincadeira. E como estas entidades em realidade movem muito pouca gente, tinham muito poucos concursantes, por isso me premiárom. Umha anedota: no ano passado enviei ao da Academia da Língua Balear um conto de duas páginas. Ligárom-me, dixérom-me que nom era um conto, mas umha fábula, mas que como nom tinha referências a nengum animal mitológico, colocariam-no na categoria de romance. Foi assim como ganhei o prémio de romance com um conto de duas páginas.

— Romance breve, em todo caso.

— O que se passou é que nom deviam ter nengum romance no concurso, e assim já tinham um. Neste ano apresentei-me ao de poesia; também fum galardoado.

— Como o tomárom?

— A verdade é que os convocants das Ilhas o tomárom com desportividade e com ironia. Publicárom um escrito no seu sítio web em que agradecem toda a propaganda que lhes figem e dizem que estám muito contentes que um catalám que nom tem o baléà como língua materna tenha sido capaz de ganhar o prémio. Animam-me a repetir. Porém, os do Aragom nom o tomárom tam bem. Retirárom as fotos do prémio e dizem que já viram que o meu texto nom era em aragonês oriental mas que mesmo assim o valorizaram. É verdade que quando enviei o texto me ligárom muito interessados e me perguntaram de qual área somos eu ou a minha família —dixem-lhes que nascim em Tarragona, mas filho de aragoneses, cousa que nom é totalmente certa— porque nom identificavam a minha fala. Contodo, concedêrom-me o prémio e fum-no recolher.

 


(*) David Marín (El Punt Avui). Traduçom do texto tirado de Vilaweb