Serão de poesia e música em Lugo

Terça, 29 Outubro 2013 07:12

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Adela Figueroa - Em Lugo a poesia e a música tomaram protagonismo numa tarde de sábado deste mês de outono. No passado 26 de outubro, um "feixe" de poetas, músicas/os e público abundante partilhamos um serão de cultura e de galeguidade.

A participação foi grande. A variedade de reportações também. Quer pelo que diz a respeito das diferentes idades e gerações que lá se deram cita, quer pela variedade de estilos e de interpretações culturais. Foram duas horas e meia de uma delícia para os ouvidos e para a inteligência .

Nestes momentos em que o nosso País está a ser "des- construido" em tantos aspetos, surge a poesia a chamar por nós. A voz mais funda e certa da nossa essência toma a palestra para nos chamar ao socorro da Galiza. Auxilio para reforçar os seus alicerces mais profundos e a nossa convicção de termos um país que cuidar e que cultivar.

Mais de 30 participantes entre músicas/os, cantantes e poetas pusseram a voz para cantar e falar à nossa sociedade atual. No fim do ato, é que se podia dizer: "Cá há povo"

 

Vente vindo menina (*)


 

Vente vindo, menina brincadeira

Vem comigo que as ondas do mar cantam.

Vem dançando nas pingas das tormentas

Úmidas, com meigas que amamentam

os escuros terrores que me espantam.

E querem esfarelar

os tijolos do meu lar.

Não me deixes na noite cá sozinha

agora que velhinha,

não posso mais andar.

Presta-me o teu braço jovem,

menina brincadeira,

para bordão do meu lento passeio na ribeira.

Vamos juntas calcando nas areias

desta longa praia

que nunca parece ter final.

Não me deixes, menina, sem o teu firme amparo

que tenho de cruzar antes da noite,

o seco areal.

Eu, agora, não posso mais parar:

Caminho nesta noite, por enquanto,

o chão calcando,

com o meu cansado calcanhar,

Contigo irei, minha menina linda,

Cantando,todas duas a coro aquele doce cantar

que aprendêramos, há tantos anos

junto às pedras das braseiras do lume do lar.

Uma doce cantiga que recendia

a rio manso e a carvalhal,

a vento morno e a roseira,

e à espuma do mar.

Quero agora, no fim deste caminho,

minha linda meninha, cantar contigo

com as notas das cores do açafrão:

Palavras da canção do vento no rosnar

das folhas longas dos canaviais.

Vamos logo, meninha Cantareira,

abraçarmos juntas, na ribeira

as ondas do mar,

que vêm e vão.

 

(*) Poesia lida no evento por Adela Figueroa.