PP impõe castelhano nas ondas valencianas em só três anos

Quinta, 23 Janeiro 2014 11:26

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Cartaz de uma campanha: «Queremos a TV3 no País Valenciano»

Vilaweb (*) - Terça-feira, às oito do serão, Ação Cultural do País Valenciano desligava as antenas que desde havia perto de trinta anos enviavam aos recetores valencianos de rádio o sinal de Catalunya Ràdio. fazia-o a contragosto. Horas antes, a governação espanhola tinha feito chegar à entidade um expediente com multas de meio milhão pelas emissões e também —isto pela primeira vez— pelo fato de ter os repetidores desde onde se difundiam as ondas.

O encerramento respondia à denúncia de um grupúsculo de extrema-direita que tinha advertido a Generalitat Valenciana das emissões de Catalunya Ràdio. Uma denúncia ridícula, porque era uma emissão pública, conhecida e reconhecida pela Generalitat Valenciana. Com este encerramento, o dial valenciano de rádio e televisão fica completamente órfão de emissores na língua própria. Em tão só três anos, as ações judiciais empreendidas pelas governações valencianas têm forçado o encerramento de todas as emissões que abrangiam o conjunto do País Valenciano. Só algumas televisões e rádios locais e comarcais ainda resistem. Tanto as emisoras que dependem da governação valenciana como as que dependem da governação da Catalunha foram clausuradas.

Tv3 primeiro

A primeira parte da ofensiva foi contra Tv3 e as outras emissoras de televisão da Corporação Catalã de Meios Audiovisuais. Capitaneada pela Generalitat Valenciana, que alegava que as emissões eram ilegais apesar que se podiam ver com normalidade em todo o País Valenciano desde já 1985. Cumpre destacar que a Generalitat Valenciana não perseguiu nunca qualquer uma das dúzias de emissores ilegais que emitem em castelhano e se veem também no País Valenciano.

Depois de uma alargada controvérsia judicial, finalmente a Ação Cultural do País Valenciano encontrou-se forçada a desligar os repetidores. Foi a 17 de fevereiro de 2011, vendo que as multas que lhe impunha reiteradamente a Generalitat Valenciana podiam liquidar a entidade. A reação indignada da sociedade valenciana fez-se visível com a etiqueta de Twitter #sensesenyal (sem sinal) em todo tipo de declarações e tomadas de posição de partidos, associações, instituições e prefeituras e com uma feixe de manifestações nas ruas das principais cidades.

Também com uma iniciativa legislativa popular, 'Televisão sem fronteiras', que reuniu finalmente 650.650 assinaturas devidamente acreditades. A ILP apresentou-se no congresso espanhol e foi recusada, sem negociar nada, pela maioria absoluta do PP.

A governação da Catalunha, já na época do tripartido, tinha proposto outra possível solução: uma negociação entre as duas Generalitats para emitir reciprocamente as emissões de televisão. A negociação não chegou nunca a bom porto, apesar que durante uma temporada se viu Canal 9 também no Principat. A governação valenciana pôs todo de desculpas para atrasar o assinamento do convénio e finalmente o encerramento de RTVV significou também o fim de qualquer possibilidade de seguir esta via.

A surpresa do fechamento de RTVV

Quem pensava que o problema era que Tv3 e Catalunya Ràdio eram emissores 'catalãs', acordaram de supetão a 29 de novembro passado. Numa decisão extremamente contestada, a governação valenciana ordenou finalizar as emissores de RTVV, Canal 9 e os outros canais de televisão e de rádio.

O impato sobre a sociedade valenciana foi, neste caso, enorme. Primeiro de todo, porque a governação valenciana tinha actuado com uma incompreensível improvisação e, como consequência, emitiram perto de um mês sem o controle político que tanto as tinha afogado. Depois, porque a noite final resultou patética, com a polícia invadindo as instalações de Burjassot.

De fato, a reação política por este encerramento ainda continua, e o presidente Fabra é apupado lá onde vai. Doutra parte, todos os partidos políticos da oposição comprometeram-se a reiniciar as emissões quando governarem e também a procurar a reciprocidade com as emissões da Corporação Catalã de Meios Audiovisuais.

E finalmente Catalunya Ràdio

Também, ainda com os protestos bem vivos na rua pelo encerramento de RTVV, a governação espanhola, a instâncias de uma desconhecida associação de extrema-direita, obrigou ACPV a desligar os repetidores. E terça-feira, às oito do serão, as antenas foram desligadas.

O encerramento vai acompanhado de multas por valor de meio milhão de euros cada uma, pelas emissões e pela construção e posse dos repetidores a partir dos quais se emitia o sinal. Estes repetidores, financiados por subscrição popular na década de oitenta, são propriedade da Ação Cultural do País Valenciano e, nalguns casos, de prefeituras de cores políticas diversas.

Qual situação fica agora?

Depois deste novo golpe, no País Valenciano emitem dois canais de televisão que cobrem o conjunto do território, ambos os dois em castelhano. Entre as televisões locais, a imensa maioria emite em castelhano, embora há algumas que têm programas em catalão. Neste senso destaca Levante TV na cidade de Valencia, a TV Comarcal em Xàtiva, a televisão de Alcoi, Norte e TeleCastelló ou Información, que emite alguns programas em catalão em Alacante.

 


(*) Tradução própria do original em catalão


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