O governo francês põe o freio nas reivindicações corsas: nem cooficialidade, nem estatuto de residente
A ministra para a Descentralização diz que "não é possível" que a língua corsa seja oficial · A aprovação de um estatuto de residente "é totalmente anticonstitucional" · A Assembleia da Córsega aprovou em setembro passado pedir uma modificação constitucional que abrisse a porta a uma autonomia mais grande
Sexta, 20 Dezembro 2013 00:00

Marylise Lebranchu, ministra para a Descentralização
Nationalia - A ministra para a Descentralização, Marylise Lebranchu, jogou anteontem vários baldes de água fria sobre as reivindicações que a Assembleia da Córsega deixou bem claras e aprovou em passado setembro. Lebranchu disse a France3 e Corse-Matem que a cooficialidade da língua corsa "não é possível" e que também não o é a criação de um "estatuto de residente" que beneficiasse os corsos nos seus problemas de acesso à moradia: "É totalmente anticonstitucional", vai insistir.
A Assembleia da Córsega, com uma maioria de 46 deputados sobre um total de 51, pediu em setembro passado mudar a Constituição para fazer menção diretamente da Córsega ao lado da lista de dependências ultramarinas francesas. O relatório aprovado pelos deputados corsos argumenta que com esta mudança, poder-se-ia criar um "estatuto de residente" na Córsega que protegesse os seus residentes habituais. E é que a Assembleia diz que os corsos têm verdadeiros problemas na hora de acessar a uma moradia na sua própria ilha devido aos preços altos, provocados pela proliferação de segundas residências e, em geral, pelo atrativo turístico da ilha.
Três meses dantes, a mesma Assembleia da Córsega tinha pedido -sem qualquer voto contra- que França aprovasse a cooficialidade da língua corsa. A Assembleia propunha dois âmbitos principais para a introdução da cooficialidade: a administração pública e a escola. Os deputados corsos defendiam que o caráter oficial do idioma servisse para o converter em língua veicular do sistema educativo porque isto permitiria criar uma sociedade totalmente bilingue em francês e corso.
Apesar do seu "não" à cooficialidade e ao estatuto de residente, Lebranchu disse que o seu governo sim que está aberto a estudar a inscrição da Córsega na Constituição. O problema, da óptica corsa, é que sem serem aceites as duas demandas principais, esta inscrição ficaria esvaziada de conteúdo. Mas no mínimo, a modificação poderia abrir a porta a transferir à Assembleia da Córsega a capacidade de adaptar as leis emanades da Assembleia Nacional francesa.
(*) Imagem: Marylise Lebranchu / Fotografa de Jack Rabbit Slim's.