2012, o ano da consolidaçom do Apalpador

O movimento regeneracionista galego obtém grande sucesso no âmbito da recuperaçom da mitologia e as tradições galegas

Segunda, 07 Janeiro 2013 00:00

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PGL - Há apenas seis anos que o Portal Galego da Língua reproduzia um artigo de José André Lôpez Gonçález que começava assim:

"Fora em Maio de 2001 quando, os daquela directores de Vaga-lume, órgão oficial da Associação Galega Corredor do Henares, demandaram a quem isto escreve que dissesse algo sobre o Natal galego e achei que ser nabice não aproveitar. Assim foi como redigi para o número dous dessa publicação umas apressadas primeiras linhas sobre este personagem que é de necessidade recobrar para a nossa tradição antes que seja tarde demais."

Já de imediato e em dias e semanas posteriores diversas entidades, coletivos e pessoas põem-se a trabalhar na recuperaçom desta tradiçom galega quase condenada ao esquecimento. Assim, no Natal seguinte A Gentalha do Pichel anunciava umha campanha de divulgaçom da figura com a publicaçom de diverso material sob o desenho de Leandro Lamas para dar a conhecer o Apalpador e com o intuito de fazer do Apalpador «umha figura próxima e nom só um simples dado etnográfico», visando «nom só dar a conhecer umha tradiçom praticamente perdida, mas também a sua actualizaçom e recuperaçom».

 

 

Outras entidades, coletivos e centros sociais seguem a esteira marcada pola Gentalha e passam a realizar igualmente atividades e passeios pola rua para dar a conhecer o bondoso carvoeiro repartidor de castanhas por diversas vilas, cidades e povoações do País .

Dous anos depois aparecem os primeiros livros sobre o Apalpador, entre eles 'O Conto do Apalpador', com desenhos do próprio Leandro Lamas. Vai aparecendo igualmente diverso material sobre a figura, também audiovisual , que reclama o Apalpador como a figura própria do Natal na Galiza.

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Também há alguns concelhos e deputações da Galiza que se sumaram à tarefa de dar a conhecer a figura tradicional galega do Natal, mas finalmente foi o público quem deu pulo à recuperaçom da figura: assim neste ano assistimos à chegada do Apalpador a diversas vilas, coletivos culturais, meios de comunicaçom, museus, escolas, lojas, etc .... onde marcou presença o nosso carvoeiro e também das mãos de simples pessoas particulares .

 

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Mesmo chegou ao estrangeiro, com uma visita ao Patronato da Cultura Galega de Montevideu e assistiu como representante da tradiçom natalícia galega ao 'I Congresso Internacional do Natal' realizado em Bilbau.

 

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Conhecimos também novas interpretações históricas e antropológicas do rito do apalpadoiro, que alguns estudiosos acham ser uma versom atenuada da hieroscopia (exame do ventre com fins adivinatórios) que praticavam os arúspices lusitanos há mais de dous mil anos, tal e como deixara constância dela o historiador grego clássico Estrabom.

E também soubemos da existência em Écija dum curmão andaluz do nosso Pandigueiro, chamado "Tientapanzas", que cumpre a mesma funçom que o nosso carvoeiro, e que provavelmente chegara àquelas terras da mão dos repovoadores galegos e doutras partes do Norte da Península que se deslocaram para lá há já uns quantos séculos.

A figura, baixo diversos tratamentos artísticos, fica igualmente fixada e consolidada já nos seus traços definitórios -barba ruiva, gorra de pano, casaco verde, ..- também no aspeto gráfico:

 

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E para rematar este magnífico percurso, após ter editado um estudo sobre a tradiçom, A Gentalha do Pichel, trás um labor firme, constante e calado de mais de três anos, apresentava finalmente o documentário 'E há de vir o Apalpador', que assenta definitivamente e sem lugar a dúvidas a velha origem desta tradiçom galega.

 

http://agal-gz.org/blogues/media/blogs/gent/iriaaldrey.jpg

 

Certamente, som também muitas outras pessoas as que colaboraram anonimamente na tarefa de recuperar a tradiçom do Apalpador -tantas que nom dariam cabido neste artigo, contudo, a todas elas: obrigados!- e há ainda muito trabalho etnográfico e de recuperaçom a fazer ainda na Galiza: dos ritos associados à noite dos defuntos, da gente cativa, do homem da moca ... Por isso, foi muito o trabalho realizado, mas também muito o trabalho que resta por realizar, porque como aponta o documentário da Gentalha do Pichel:

 

"Porque a verdadeira tradiçom nom emana do passado,

nem está no presente, nem se alvisca no porvir;

nom é serva do tempo.

A tradiçom é a alma eterna da Galiza,

que mora no instinto popular

e nas entranhas graníticas do nosso chao.

A tradiçom nom é a história. A tradiçom é a eternidade."

A. D. R. Castelao

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