Rui Pereira: «Existe compreensom das pretensons das naçons ibéricas ibéricas na consciência portuguesa»

«Ou o Estado espanhol se democratiza efetivamente na questom das nacionalidades, ou o seu fundamentalismo nacionalista e negacionista ficará à vista do mundo»

Quarta, 15 Junho 2011 06:33

Atençom, abrirá numha nova janela. PDFVersom para impressomEnviar por E-mail
Engadir a del.icio.us Compartilhar no Twitter Compartilhar no Chuza Compartilhar no Facebook Compartilhar no DoMelhor

Rui Pereira, jornalista português

Eduardo Maragoto (*) - Rui Pereira é um prestigioso jornalista português cujas opinions sobre o problema basco, nada subsidiárias dos media espanhóis, o tornárom conhecido no nosso Estado, nomeadamente nas naçons dependentes.

Encontra-se em Compostela por ocasiom das Segundas Jornadas Galego-Portuguesas de Ediçom Independente, que se desenvolverám entre os dias 14 e 18 de março, organizadas polas editoras Estaleiro e Corsárias na Biblioteca Ángelo Casal. Aproveitamos para falar com ele, embora nom seja a primeira vez que o Rui colabora com o nosso jornal.

P: Agora que nom há atentados, os jornais portugueses continuam a plagiar os media madrilenos?

R: Creio que o processo atualmente aberto pola ETA e pola esquerda independentista basca, é o pior pesadelo que Madrid poderia viver, dada a presença de umha verificaçom internacional independente. Por essa razom, a Moncloa seguiu umha estratégia interna e exterior diferenciadas. Para o interior montou um fogo de barragem mediática tentando desvalorizar esta concretizaçom dos seus piores receios.

Ou o Estado espanhol se democratiza efetivamente na questom das nacionalidades, ou o seu fundamentalismo nacionalista e negacionista ficará à vista do mundo que quiger ver. No plano exterior, por isso, a estratégia tem sido a de silenciar quanto possível o processo em curso.

No caso dos media portugueses o êxito tem sido lamentavelmente quase completo. Fica a perder a informaçom livre e isenta do público português, enquanto o jornalismo português desce, com esta atitude, mais um degrau na espiral da sua incompetência e degradaçom. O importante, porém, é que a concretizaçom deste antigo desejo basco, o olhar internacional sobre a sua situaçom, impedirá, qualquer que venha ser o desfecho do processo, que Madrid poda repetir o que fijo em ocasions anteriores: mentir ao mundo e ser por ele acreditado.

P: Existe umha opiniom convencional, na imprensa portuguesa, sobre as naçons ibéricas sem Estado, ou será que cada jornal é um mundo? Para a opiniom pública portuguesa, elas (as naçons sem Estado) tenhem direitos como tais?

R: Essa é umha questom muito profunda, em Portugal. Culturalmente está muito enraizado que o povo português sente a sua independência nacional como um triunfo seu sobre a secular tendência expansionista de Madrid sobre toda a ibéria. Na política corrente e no mundo mediático da espuma dos dias, porém, a solidariedade intergovernamental é a regra. Na consciência popular existe, contodo, umha compreensom indisfarçada, ainda que nom activa, para com as diversas pretensons nacionais na ibéria.

P: E a Galiza, que imagem projeta em Portugal nesse sentido?

R: A Galiza surge vulgarmente entendida como “Espanha”. Existem porém relaçons económicas diferenciadas entre agentes económicos da Galiza e do Norte de Portugal, formas regionais de cooperaçom em diversos planos, mas sempre com a prudência de, polas partes portuguesas, nunca se formular qualquer reconhecimento de umha existência galega como ente nacional (ou até cultural) próprio. digamos que a Galiza tem, como naçom, umha presença ténue na consciência portuguesa.

P: A ediçom independente consegue gerar contraopiniom? Em Portugal parece menos desenvolvida que na Galiza, como também outros meios de informaçom alternativos (rádios livres, portais alternativos na Internet...).

R: Nom existe entendimento entre setores políticos portugueses contestatários para montar umha rede consistente e efetiva no campo da ediçom e da circulaçom de informaçom alternativa em Portugal. Nom existem, por isso, órgaos de informaçom verdadeiramente alternativos, a despeito da subsistência de algumha imprensa partidária de oposiçom que, situada na área genérica das esquerdas, visa mais a coesom de cada grupo partidário do que a produçom de umha informaçom alternativa útil a quantos dela necessitam. O panorama, nesse sentido, é, em Portugal, desolador e traduz a desarticulaçom generalizada da mobilizaçom social e política no país.

 


(*) Entrevista originalmente publicada no nº 100 do Novas da Galiza

 

+ Ligaçons relacionadas: