Servando Barreiro, músico: «É importante enviar às crianças mensagens de paz, solidariedade e respeito ao meio»
«Moure fai um imenso labor como educador ambiental e os seus contos trabalham muito esta temática»
Quarta, 23 Março 2011 08:27

Maria Álvares (*) - Vicentinho é um pássaro que descobre onde aninha a palavra paz, Salgadinha é a estrela de Fisterra que parava as guerras e o bardo Abelardo é a personagem que conseguiu traduzir à linguagem dos humanos os sentimentos dos seres que moram nas florestas.
Todas som histórias que podemos encontrar em Vicentinho e as árvores da paz, um trabalho de Servando Barreiro e o contacontos Anjo Moure que junto com o grupo Tou-po-rou-tou achegam às crianças valores de respeito ao meio ambiente, paz e solidariedade e que vai muito além dum simples disco.
Maria Álvares: Conta-nos como nasce o projeto de Vicentinho e as árvores da paz?
Servando Barreiro: Nasceu em janeiro de 2007 num recital-ceia-encontro do clube de poetas vivos, o contador de histórias Anjo Moure e eu, em Taim (Vilacentelhas/Ourense). Anjo fijo-me a proposta de musicar os seus contos e a mim pareceu-me umha ideia muito interessante. Lim os contos, adaptei-nos e figem um guiom com um fio condutor para que tivessem umha continuidade, a partir de aí comecei a idear umha posta em cena na que para além de um contador de histórias, que sou eu, aparecesse um pequeno teatrinho onde umha companheira, Iolanda Torre, fosse desenvolvendo as histórias em base a manipulaçom das sombras, outra companheira, Maica Álvares, fai o apoio na parte musical e também fai um trabalho de desenhadora de vestiário, dança e algumhas dramatizaçons, mais outro companheiro, Gonçalo Caride, na parte musical.
MA: O disco tem muito de pedagógico, as mensagens de respeito e cuidado da natureza parecem o fio condutor. É mui importante trabalhar isto com as crianças, sobretodo com as que moram em vilas e cidades, para achegá-las um bocadinho aos montes e fragas?
SB: Anjo Moure, que foi quem escreveu os contos, fai um imenso labor como educador ambiental e os seus contos trabalham muito esta temática, para além da paz, da solidariedade e do respeito por qualquer forma de vida. Eu já vinha trabalhando com as crianças, sobretodo na parte musical, e o contacto com ele fijo com que o meu repertório aumentasse nesta parte mais comprometida com o ambiente. Todo isso que aprendim é o que levo estes anos transmitindo às crianças da Galiza e como tu dis, é muito importante que elas recebam estas mensagens.
MA: Quem é o bardo Abelardo? De onde surge?
SB: O bardo Abelardo é umha personagem que fum criando durante todo este tempo como contador de histórias. Muitas vezes nas minhas sessons com as crianças explico a funçom dos bardos como músicos e contadores de histórias que iam espalhando aquilo que experimentavam ou que outras pessoas lhes contavam. "Abelardo" quer dizer abelha e é um ser decidido e resoluto que está em constante desafio consigo mesmo, como eu gostava de ser.
MA: Detrás do disco há um espetáculo em que se interatua com as nenas crianças. Conta-nos um pouquinho como é?
SB: O espetáculo vai crescendo connosco, começa num amanhecer, no início de umha viagem, a viagem de Vicentinho na cabeça de um contacontos, e depois começam as histórias. A do carvalho que nasceu na bota dum soldado, a do trago do lixo, a xácia Luvinhas, Sabelinha e Salgadinha. Sabelinha é umha nena que conhecim numha viagem e figem-lhe umha cantiga e Salgadinha é a estrela de Fisterra que parava as guerras. No espetáculo representamos partes no teatrinho de sombras e partes dramatizadas, todo ambientado musicalmente com cantigas.
MA: Que tal é o recebimento que está a ter este trabalho?
SB: De momento muito bom. Tinha as minhas preocupaçons por apenas estar representado o áudio do espetáculo, mais levei surpresas porque houvo muitas pessoas que nom tivérom a possibilidade de vê-lo ao vivo e gostárom do formato livro-CD. Para mim o ideal seria que primeiro olhassem a obra e depois ficassem com o livro-cd, como umha espécie de lembrança, para se lembrar dos contos e cantigas e que depois cada umha as conte e cante à sua maneira às crianças e às nom tam crianças.
MA: Nos últimos anos começárom a se desenvolver projetos como este na Galiza, que importáncia tenhem estes à hora de transmitir umha educaçom diferente às nossas crianças?
SB: Bom, penso que se estám a desenvolver projetos muito interessantes em que eu mesmo procuro implicar-me e estar ao dia e falo sobretodo como pai responsável da criança de umha meninha de 4 anos. Polo que a mim respeita levo aprendido muitas cousas, e mais que umha educaçom diferente, eu diria, umha educaçom mais respeitosa com os processos evolutivos das crianças.
(*) Entrevista originalmente publicada no nº 99 do Novas da Galiza
+ Ligaçons relacionadas:
- 'Vicentinho e as Árvores da Paz', livro-CD de teatro infantil de Tou-po-rou-tou [PGL, 12/01/2011]
- Ficha de Vicentinho e as Árvores da Paz na loja Imperdível
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