Segunda sessão do Simpósio Carvalho Calero desvendou falsidades acerca da língua na Galiza

Xavier Vasques Freire deu a conhecer pormenores do seu trabalho de adaptação do romance "Scórpio"

Quinta, 18 Novembro 2010 00:00

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Margarida Martins, Isaac Alonso Estraviz, Xavier Vasques Freire e Alexandre Banhos

PGL - Na passada quarta-feira, 10 de novembro, decorreu em Ourense a segunda sessão do Simpósio Carvalho Calero, sob a organização da Fundaçom Meendinho. Esta segunda sessão esteve virada para de Carvalho Calero como pessoa coerente, ao levar à prática aquilo que defendia na teoria.

O pedagogo e didata tagoreano José Paz, na voz de Margarida Martins, reivindicou a figura de Carvalho como pioneiro pedagógico, como um educador modélico que se diz aos princípios educativos da instituição do livre ensino, entidade criada por Francisco Gener de los Rios, com a parceria de outros professores, em 1876 e continuada pelo grande pedagogo e discípulo seu, Manuel Bartolomé Cossio.

Este movimento pedagógico foi dos mais importantes na Europa até meados de 30, quando foi proibido pelos fascistas. Carvalho Calero levou à prática este pensamento educativo no colégio Fingoi de Lugo, que dirigiu desde 1950 até que entrou como professor de Língua e Literatura Galega na Universidade de Santiago de Compostela, a finais de 60, passando também a ensinar a nossa língua com estratégias didaticas renovadoras e institucionistas.

A seguir, o académico Xavier Vasques Freire passou a explicar os critérios para a adatação e revisão linguística do romance Scórpio, trabalho em que está envolvido nesta altura. Vasques Freire salientou que este romance pode ser considerado, dentro da alargada produção de Carvalho, como uma das suas obras artísticas de mais interesse pois nele tentou pôr na praxe aquilo que ele pensava na teoria.

Vázquez Freire falou na necessidade de adatarmos os nossos clássicos, mesmo os reintegracionistas, ao Acordo Ortográfico, para podermos divulgá-los dentro da nossa área linguística como merecem, verificando quais as dificuldades que isso acarreta e quais as peculariedades que podemos e devemos conservar do ponto de vista lexical. Colocou vários exemplos a respeito do romance Scórpio, explicando as soluções que ele propõe sem por isso modificar a essência do romance escrito por Carvalho Calero.

Finalmente, Alexandre Banhos desvendou as que considerou "falsidades, enganos, mentiras ou meia-verdade.. e até trolas" acerca da Galiza e da sua língua; mentiras, segundo afirmou, compartilhadas nos dias de hoje por quase todo o mundo. Essa meia-verdade diz que na Galiza o convívio entre o galego e o castelhano vem de muito antigo, desde a Alta Idade Média, legitimando destarte o processo de substituição linguística que verificamos nos nossos dias.

Banhos afirmou que essa meia-verdade foi elaborada e divulgada essencialmente a partir de meados do século XX, mas sem existir nenhum tipo de base documental em que se fundamentar. Banhos defendeu que até o século XX a língua galega era a falada por todas classes sociais galegas, fazendo um percurso histórico em que foi explicando a evolução real da situação, até chegar à imposição do castelhano de maneira maciça durante o curso do século passado e até os dias de hoje, sem existir nenhum tipo de gradação.

O Simpósio Carvalho Calero continuará a partir da próxima quinta-feira, dia 25, em Ourense, sendo que a terceira sessão agendada em Vigo para o dia de hoje, 18 de novembro, foi suspensa.

 

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